GUERRA NA BLOGOSFERA

Talvez seja uma visão meio deturpada, mas é a minha visão. Nesses dias, deixei de acompanhar e comentar num dos melhores blogs que conhecia na internet. Melhor, porque seu criador, o Jornalista Ricardo Kotscho sempre postava assuntos amenos, sobre vidas, sobre histórias humanas, sobre gente!
Outro detalhe, talvez o mais importante. Inicialmente o blog não tinha moderação. Com isso, dezenas e dezenas de pessoas foram chegando e também se enturmando. Conheci pessoas incríveis naquele verdadeiro Baláio como ele mesmo batizou o blog.  A visão humanista, os comentários quase sempre tolerantes, enfim, mais se aprendia sobre coisas e circunstâncias do que se ensinava. Todos temos algo a ensinar e muito a aprender. Faz parte da vida.
O blog seguia conquistando cada vez mais adeptos dessas leituras leves, emocionantes, cativantes mesmo.
Como dizia um amigo de lá - " o único blog que tinha alma"!

Existiram madrugadas de discussões, de conflitos ligeiros, de debates mais acalorados que, por fim, sempre terminavam em algum tipo de entendimento.

O emissor, sempre atento aos receptores que, de vez em quando se tornavam também emissores. Uma verdadeira família se formava.

Tanto é que; até um outro blog se formou em função do Baláio do Kotscho, chamado então de Boteco do Baláio.  Já chego nele...


Sempre aparecem figuras estranhas nesses blogs. Sempre existem aqueles que não suportam a vida de alguma forma e querem interferir na vida alheia para estragar qualquer paz alcançada.
Numa madrugada, pude presenciar parte de uma discussão feia entre o blogueiro e um "anônimo" que prometeu vingança.  Com efeito. Por ser de entrada livre e sem restrições, o tal "anônimo" passou a copiar e colar todos os "amigos" dele no blog.  Na verdade, os tais "amigos" não existiam, eram apenas cópias do que rolava nos comentários do extinto "Último Segundo" do portal IG.  Mas causou um alvoroço tremendo.

A única solução mesmo, foi a moderação.  Eu protestei gravemente, mas por fim, acabei compreendendo e aceitando essa necessidade em virtude dos ataques que surgiram e os que estariam por surgir.

Mas essa primeira mudança causou grandes baixas. Muitos deixaram de comentar no blog. Acho que ninguém gosta de ser revistado ao entrar em qualquer recinto não é mesmo?  É necessário, eu sei, mas ninguém gosta!

Porém, como os assuntos caminhavam para o lado mais humano que político, afinal de contas, o Brasil não se resume só a Brasília como o blogueiro costumava dizer.  Ricardo Kotscho também tem lado, é claro. Trabalhou para o governo Lula no primeiro mandato. Tem uma carreira sólida e também um pouco íntima com o poder central.  Mas sempre limpa e honrada.  É certo que o blogueiro não comungava de muitas das decisões do poder. Tanto é que vira e mexe, questionava atitudes como ainda questiona hoje em dia.

Ainda existem idealistas que não se escravizaram em suas próprias ideologias!

No entanto, com o passar do tempo, os assuntos parecem ter se encaminhado somente para a política nacional. Como bom São Paulino, ainda mantém alguns textos sobre o assunto. Mas a política arrebanhou de vez o Baláio.  Ricardo Kotscho  já com limitações derivadas da idade  aliada ao tempo escasso, passou a não mais buscar histórias bonitas e anônimas pelos cantos do Brasil.  O blog caminhou rapidamente para o  mono-assunto com seus previsíveis resultados.  As divisões e separações!

Como num Big Brother onde os participantes se dividem em grupos, os frequentadores do Baláio passaram a compor  facções  pró e contra.  Mais bons comentaristas abandonaram o espaço cedendo lugar aos agitadores e articuladores.  Mas ainda existiam aqueles que ensinavam e os que aprendiam.  Debates servem para isso.  Trocamos idéias, buscamos entender o outro, enfim, argumentações educadas e de algum conteúdo continuaram atravessando a área de comentários embora já começasse a haver restrições às respostas pelas constantes agressões.

A terceira onda veio com a mudança do portal  IG  para o R7  da Record!  Muitos outros comentaristas não migraram.  Abandonaram o Baláio que continuou seguindo ainda mais no mono-assunto.  Insistindo, por algum motivo  que acho difícil  entender, em participar do incentivo à guerra cibernética que ocupa quase toda a blogosfera.  A guerra das militâncias.

Nesse meio tempo o tal "Boteco do Balaio" uma filial menos contaminada, seguia feliz. Criado por iniciativa de minha querida amiga Aliz Lambiazzi  e o amigo Enio Barroso Filho, ambos também com seus blogs, mas que destinávamos ali, nossas impressões do dia, da vida e também da morte!  Durante um tempo vivemos juntos, choramos juntos, perdemos amigos e amigas que se foram para um plano maior, enfim. O boteco continuou por um tempo também dentro dos aspectos mais humanos. Mais falíveis, mais ...gente!

Até que certo dia, a política também começou a contaminar os ânimos.  Os assuntos passaram a ser um só!
Alguns tentaram insistentemente não deixar. Fiz a minha parte no que me foi possível. Outros buscaram um melhor controle.  Mas ela chegou. Chegou  e fodeu tudo.  Dividiu o botequinho animado em grupos cada vez mais ferozes. (catzo...me subiu um nó no peito agora)...

(...)

Por fim, o   Boteco do Baláio acabou!

Há três dias atrás, eu deixei em definitivo de comentar no Baláio do meu amigo.  Não havia mais como. Não é só esse blog que comentaristas que divergem são atacados. Já fui atacado em praticamente todos em que participei. É até normal. A diferença está no "método de ataque".  Claramente se observa que não existem comentários esclarecendo que você está errado, e porque e onde você está.  Qualquer questionamento teu sobre determinada coisa, já é motivo para lhe atacarem em todos os pontos íntimos. Você é adjetivado impiedosamente. É rotulado de todas as formas. É desqualificado sob todos os aspectos. Simplesmente porque "eles"  não tem como responder de forma séria e objetiva, qualquer questionamento sem terem que admitir que você está certo.

Quando vejo muitos imbecis agindo dessa forma, nem ligo.  Faz parte da militância atrofiada deles, mas quando os amigos passam a se comportar dessa forma, já é demais.  É sinal para se abandonar a luta para não perder o amigo. Não digo abandonar a guerra.  Apenas aquele conflito pontual.

A internet veio para agregar as pessoas,  não para tentar de alguma forma aliená-las. Gosto de debates, adoro entender as virtudes, isto é, quando elas existem realmente.

O Brasil está entrando num perigoso processo de desinformação. Ambos os lados antagônicos desse processo estão jogando sujo. Prova disso são as divisões cada vez maiores e mais ríspidas entre antigos irmãos.  Não estou me referindo a povo,  votos,  popularidades, eleições. Isso costuma mudar constantemente ao sabor da economia. Estou me referindo ao lado humano das pessoas que está sendo contaminado por essas guerras na blogosfera.

Já fui agredido por opinião em vários blogs, de direita, de esquerda, de centro, de meio, de alto, de baixo.
Se não concordo, apresento meus motivos respeitosamente. Muitos blogueiros não censuram, mas os comentaristas são como tribos antropófagas aguardando a refeição daqueles que ousam discordar mesmo que educadamente do blogueiro ou blogueira.

A confusão se instala quando você reage a agressão insistente e é contido pelo próprio blogueiro. Aí não tem mais condições de insistir na luta.

Embora o lema de nossa bandeira,  olhando pela visão dela (se tivesse), os substantivos  "Ordem" representando a direita e o "Progresso" representando a esquerda estejam ligados...seguindo como está, conseguirão ainda dividi-lo de alguma forma.  Não se pode sacrificar a ordem para se obter progresso, nem ter alguma ordem estagnada.

A dificuldade maior vai ser adequar isso algum dia...

...não transformá-los  em dois pólos extremistas e antagônicos!!!!




Aos meus amigos!






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