CULTURA DO DESPERDÍCIO

Quando residi em Campo Grande no Mato Grosso do Sul durante os anos 80, costumava verificar nas beiras de estradas daquela região, um montante de grãos exagerado. O acostamento ficava forrado de soja que era , e ainda é, a cultura principal daquele chão. Me lembro da repulsa que sentia vendo todo aquele desperdício causado pelo transporte rodoviário precário em carretas pelas estradas muitas vezes em péssimas condições.

Desperdiçar nesse país, é quase uma cultura. A começar dentro das próprias residências e se espalhando por todo o território nacional.  Desperdiçamos tudo e em quantidades absurdas. Mas o pior de todos os desperdícios, no entanto, é o desperdício de idéias.  Muitas vezes, idéias simples, vinda de pessoas também simples e isentas de parâmetros complexos acabam funcionando melhor do que parafernálias complexas e rocambolescas engendradas por técnicos, engenheiros e doutores.

Somemos o volume monetário que é desperdiçado no Brasil na forma de corrupção, juntemos ao volume de desperdício em alimentos, de materiais da construção civil,  de tempo perdido em congestionamentos, de vidas perdidas de diversas formas consideradas evitáveis. Acrescente ainda os recursos mal empregados e aqueles que simplesmente são abandonados.  Se somarmos tudo isso e mais alguns outros desperdícios de recursos naturais, além de outros, teremos um montante anual que deve atingir uma cifra correspondente à 100%  do PIB de alguns países europeus.  Não apenas um, mas vários países.

Atualmente estamos passando por uma crise hídrica sem precedentes. Mas a culpa não é só dos governantes. É nossa também. A água sempre foi muito barata no Brasil. Desde pequeno ouço dizerem do espanto de estrangeiros com o uso que fazemos de água tratada. Então, merecemos o castigo!

Já deixei uma sugestão simples aqui sobre essa questão da água.  Pena que o governante que tomar uma iniciativa como essa, seja apedrejado politicamente, mas é necessário.
A sugestão seria - respeitando-se a classe social -  aumentar o custo da água tratada de forma considerável para que se reduzam os desperdícios.  Mas também premiar aqueles que se comprometem a usar de forma racional o produto.
Por que uma residência necessita de piscinas?  A maior parte do tempo não é usada!!!!  Basta o órgão governamental aumentar consideravelmente o IPTU de acordo com o volume usado nela e agraciar com o desconto no IPTU daqueles que construírem cisternas de contenção de águas de chuva ou reaproveitamento em suas casas.  Dessa forma, pode-se obter recursos maiores que seriam reaplicados nas estações de tratamento e companhias de águas devidamente mais organizadas.  Parte desses recursos poderiam também financiar algum projeto melhor de bombeamento de água da bacia amazônica para a região do nordeste, sem a necessidade da tal transposição do Rio São Francisco que nunca é concluída sendo, mais um desperdício de dinheiro público.
Transportamos gás, petróleo e derivados através de infindáveis tubulações e não podemos usar o mesmo método com água???  Os romanos da antiguidade construíram quilômetros de aquedutos com uma tecnologia precária com  pedras talhadas e guindastes de madeira. Atravessaram montanhas e vales mas conseguiram suprir suas necessidades.
Por que temos que ficar cavocando valetas para deixá-las que o tempo as destrua novamente e mostrar isso como a obra do século?  Ficamos assim só eternizando a esperança do povo nordestino que acredita e vota naquilo que nunca chega.  E muito provavelmente, quando chegar, serão expulsos de suas terras por aqueles que fatalmente passarão a ter interesse naquela região!

Ah Robson, tudo isso é bacana, mas não funciona. Então tá!  Ainda corremos o risco de ficar sem água nenhuma, e pior ainda, sem energia elétrica, já que os petistas metem o pau nos tucanos pela falta de água de beber sabendo que, para se beber pode-se usar as águas minerais, enquanto esquecem que as hidrelétricas estão também no limite.

Enquanto essa corja quebra-o-pau, os hematomas resultantes serão sempre nossos!
Mas fazemos por merecê-los.


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